Hoje se fala na Saúde 4.0 a partir do uso avançado de info e biotecnologias em grandes centros para diagnósticos e tratamentos personalizados e com maior precisão das doenças, o que, sem dúvida, é fundamental e muito bem-vindo em muitas situações. No entanto, também precisamos, cada vez mais, priorizar a promoção de saúde e bem-estar bio-psico-socio-eco-espiritual a partir de inovações socioambientais e tecnológicas no âmbito municipal, onde vivem as pessoas. Essa abordagem 4.0 da saúde decorre da Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial que reflete a presença de maior automação e sistemas de informação como internet das coisas, Big Data entre outras tecnologias disruptivas capazes de transformar novamente a lógica da produção, da economia e da sociedade. Pelo que tenho estudado o ápice da tecnologia possível é a Inteligência Artificial a partir de grandes bancos de dados globais centralizados.
Por outro lado, debates e polêmicas sobre a tecnologia blockchain utilizada na base das criptomoedas, principalmente a tecnologia Ethereum, chamou minha atenção para o desafio da descentralização, da maior equidade ou prosperidade distribuída. Aqui encontramos um ponto forte para conexão das tecnologias com a promoção da saúde planetária e a questão da necessidade de nova abordagem econômica que ultrapasse o PIB (Produto Interno Bruto) como principal indicador saúde econômica, política ou sociocultural. Saúde populacional integrada com saúde planetária necessita da transformação do modelo econômico para gerar mais equidade social e regeneratividade do ambiente natural e seus ecossistemas.

O relatório inicial do movimento da Saúde Planetária apresenta o triste fato da humanidade estar correndo risco de sofrer consequências na saúde decorrente das suas atividades socioeconômicas que causam perturbações no equilíbrio dos ecossistemas naturais e ultrapassam
os limites planetários de segurança. Tanto o crescimento exponencial da população humana com seus estilos de vida (consumo) e consequente modo de produção industrial, quanto a lógica econômica centrada no PIB com crescimento infinito não combinam com o respeito aos limites biofísicos saudáveis dos ecossistemas planetários e, muito menos, com a implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável da agenda 2030 das Nações Unidas. Precisamos refletir que, apesar da Inteligência Artificial já ser capaz de superar a inteligência humana no processamento de dados e tomada de decisão, a consciência humana não será artificializada, mas os avanços info e biotecnológicos poderão ajudar cada vez mais as consciências humanas terem maior sabedoria nos processos de liderança e governança. Hoje, já existe menção à Indústria 5.0 que trará de volta a humanidade para o centro dos avanços tecnológicos. Nosso entendimento é que através do que poderíamos chamar de soluções 5.0 como a integração de Big Data com blockchain (internet de valor), paradigma da descentralização, tokens, contratos inteligentes (smart contracts), identidade digital com reputação pessoal de alcance
planetário, entre outras, possibilitarão as pessoas construírem uma cidadania planetária capaz de transformar o mundo digital num aliado da Saúde Planetária, pois haverá cada vez mais condições socioculturais para implementar os princípios da economia circular, colaborativa e do desenvolvimento sustentável.

O instituto Ideia Ambiental reconhece o valor do ambiente digital como importante aliado do ambiente natural e procura apoiar o desenvolvimento de tecnologias que promovam a Saúde e Bem-estar Planetário a partir de maior protagonismo e empreendedorismo de todos em ecossistemas para inovações integrativas socioambientais e tecnológicas.