Nos dias 25 e 26 de novembro de 2019, ocorreu em São Paulo o II Congresso Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, organizado pelo CBMEV (Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida). O #MOVIMENTOMEVBRASIL engloba profissionais de saúde incluindo médicos(as), nutricionistas, psicólogos(as), educadores físicos, enfermeiros(as), advogados(as), biólogos(as), entre outros(as) clínicos(as) e pesquisadores que estão assumindo juntos o desafio de atuar sobre as causas reais das doenças humanas. 

O diretor do Instituto Ideia Ambiental, Roberto de Almeida, esteve presente como membro fundador do CBMEV, organizador do congresso e palestrante. Proferiu a palestra “Manifesto da Aliança Saúde Planetária e a importância dos profissionais de saúde na transformação do modelo mental da saúde humana integrada com a saúde planetária”. 

O momento é de compreendermos que nossa saúde pessoal depende de como interagimos com nosso ambiente. Nós, todos os seres humanos, somos os responsáveis por acelerar as mudanças ambientais globais (Antropoceno). Somos seres vivos que precisam de um ambiente natural com ecossistemas saudáveis e capazes de dar suporte à toda biodiversidade da vida da qual fazemos parte. A medicina do século XXI será sustentável e contribuirá mais efetivamente para atingir o objetivo de bem-estar para todos a partir do momento que assumir os desafios da complexidade de integrar os sistemas fisiológicos humanos com os ecossistemas planetários. 

As doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, obesidade, câncer, doenças cardiovasculares/neurovasculares, autoimunes entre outras) estão fortemente influenciadas pelas interações do estilo de vida da humanidade com os ambientes naturais, sociais, físicos ou construídos. O problema principal é que tanto a população em geral quanto profissionais da saúde possuem modelos mentais simplistas onde o problema de saúde fica limitado aos procedimentos de diagnosticar e tratar (remediar) as doenças corporais e mentais. Há ainda pouca compreensão profunda das causas reais, e sem priorizar as intervenções sobre as complexas interações dos determinantes socioambientais, econômicos, culturais com o estilo de vida. Para agravar, a lógica econômica limitada do PIB como medida de progresso torna a medicina convencional lucrativa apesar de ser ineficiente, cara e muitas vezes desumana, pois nesta lógica, quanto mais doentes mais lucratividade com tratamentos dos efeitos das doenças.  

A palestra foi uma chamada para ação, pois já temos evidências científicas da Medicina do Estilo de Vida e Saúde Planetária fundamentando os co-benefícios de um estilo de vida salutogênico, sistêmico e sustentável para melhorar nossa saúde humana, atual e futura, e dos ecossistemas do planeta Terra. 

É interessante destacar o crescente número de profissionais de saúde infelizes e insatisfeitos com o atual Éthos da Medicina focada somente na remediação e tratamento das doenças humanas, sendo que muitos procuram novos significados e propósitos para atuarem em um novo nível de prática mais responsável com pessoas e com o planeta.