Os principais desafios do século XXI (pandemias, mudança do clima, ameaça biotecnológica, ameaça nuclear, entre outros) estão em lidar com efeitos da humanidade sobre os ecossistemas que sustentam a vida no planeta, o que tem sido chamado de a Era do Antropoceno.

No decorrer do processo evolutivo, o conjunto da humanidade, enquanto espécie Homo sapiens sapiens, através da cultura, política, economia, ciência e tecnologia, criou, gradativamente, uma Humanosfera progressivamente desconectada da Ecosfera. Essa estratégia trouxe o aparente sucesso representado pelo crescimento populacional humano, passando de 1 bilhão em 1800 para 7 bilhões em 2013. Entre tantas criações da Humanosfera, a economia surgiu para organizar e lidar com os fluxos de matéria e energia indispensáveis ao atendimento das necessidades do desenvolvimento humano em níveis locais, nacionais e globais.  Diante de crises econômicas mais frequentes e mais graves existe progressivamente uma consciência de que a noção de crescimento econômico infinito dentro de um sistema planetário finito não tem lógica, atualmente, vários modelos econômicos apontam isso. 

Os desequilíbrios causados pelas atuais estratégias (políticas, culturais, econômicas e tecnológicas) da Humanosfera sobre os limites ecossistêmicos do planeta tem sido foco de atenção do emergente campo acadêmico transdisciplinar chamado saúde planetária.

Os estudos do Instituto Ideia Ambiental para promoção local de uma abordagem integrativa da Saúde Planetária apontam para a necessidade de atuar sobre vários fatores causais do “adoecimento” planetário entre eles: encarar de frente o problema de crescimento populacional humano com políticas públicas integrativas de saúde e educação; apoiar a criação de mais oportunidades para empreendedorismo com inovações socioambientais e tecnológicas que mudem a narrativa insustentável dos negócios como sempre; e fundamentalmente viabilizar o engajamento da comunidade local em modalidades econômicas integrativas e inovadoras com foco na sustentabilidade, regeneratividade de ambientes humanos e naturais com visão sistêmica do planeta. Isso vai, progressivamente, resultar num modelo de economia planetária (planetary economy) que garanta sinergicamente a equidade no atendimento das necessidades humanas integradas com respeito aos limites dos ecossistemas planetários que sustentam toda a vida no planeta (biosfera). Este é um movimento para todos juntos, sem lutas, sem qualquer versão tribalista de “nós contra eles”. A economia planetária viabiliza a saúde planetária ou bem-estar de todos os seres vivos (biosfera) e, fundamentalmente, promove a reconciliação integrativa da Humanosfera com a ecosfera.